Só hoje me dei conta.
Me dei conta do passar dos anos, e de como tudo na minha vida (isso não é exclusividade minha) acontece super rápido.
Tá ali, aah, acabou.
E foi assim o ano inteiro.
O ano sequer acabou, mas ás vezes é a sensação que eu tenho: que ele acabou.
Nesse ano, tanto as coisas boas, quanto as ruins, aconteceram.
E isso também não é exclusividade minha.
Mas como é a minha vida que está sendo posta em questão...
Passei no vestibular, comecei faculdade.
Tive dúvidas, elas foram embora.
Perdi uma pessoa muito querida pra mim, e isso ainda me dói como se fosse ontem.
Igual a quando eu te vi no ano novo.
E você já nem sorria mais, e sequer estava lá.
E então enquanto eu tomava banho, eu chorava por não ver mais seu sorriso.
E fui embora sem saber quando te veria de novo.
Te vi, mas não foi como eu gostaria.
Esse assunto ainda me traz muitas lágrimas, e sempre trará.
Mas está tudo bem, não está, Di-chan?
Coisas de coração já nem gosto mais de falar.
Próximo.
Votei.
É, pela primeira vez.
Fui uma daquelas jovens que não tinham mentalidade suficiente para votar aos 16 anos.
É, admito.
Acho que até hoje nem tenho, mas enfim.
Votei, e ainda comprei maçã do amor e cocada de maracujá na saída.
Viajei de férias pra casa da vó.
Olhei pilhas e pilhas de fotos.
Ouvi centenas de histórias.
Comi comida de vó até passar mal e voltar pra casa.
Pra comidinha leve da minha mãe, que nunca me faz mal.
Me descobri mais estressada do que imaginava.
E como isso destrói a minha saúde sem que eu perceba.
O médico vira e fala que tudo o que tenho de ruim em mim, e não consigo controlar, está me controlando e fragilizando.
Tome estes medicamentos.
Estou tomando.
Quase desmaiei na rua, e chorei de medo.
Chorei por ser tão frágil e não poder me controlar.
Por ter medo de ficar cega, e não ver tudo aquilo que eu via.
Por não ter dado adeus, por não ser quem alguém procura.
Chorei.
É, esse ano eu chorei.
Chorei, mas vejo que choro menos.
Esse ano eu cresci.
Senão por fora, um bocadinho por dentro.
Comi cocada, passei mal por comer comida ruim.
Passei mal por não comer.
Passei mal por não dormir.
Passei mal, mas estou aqui.
E agora se não inteira, um pedacinho de mim está bem.
Me descobri insignificante diante do mundo que me cria.
O mundo vai me moldando, e eu do meu jeito, vou tentando moldar o mundo que me rodeia, ao menos.
Fiz planos, e muitos foram jogados ao vento.
E todas as folhas jogadas ao vento, estão lá.
Alguns eu ainda vou reencontrar, outros, nem faço questão.
Mudei de aparência achando que isso me ajudaria a mudar por dentro.
Não ajudou muito, mas ajudou a mudar a maneira como me olho todas as manhãs.
Porque ninguém precisa saber do que acontece aqui dentro.
Alguns sabem, outros saberão.
Mas há os que nunca vão saber.
E vão achar que encher uma boca de dentes é estar feliz.
Aprendi a me importar menos com o que os outros dizem.
Aprendi a me importar mais com o que os outros dizem.
Não aprendi a tocar violino nem gaita de fole.
Sorri do fundo do coração.
Tirei uma tarde (ou mais) só pra tomar sol e conversar.
Tirei uma tarde só pra ficar no vento, mas sem frio.
Dei vexames, mas acho graça.
Me orgulhei de coisas que fiz, e assim continuo seguindo.
Não fiquei mais horas e horas no telefone, falando tão pouco, mas falando tanto.
Não sorri daquele jeito que só uma pessoa me faz sorrir.
Mas descobri sorrisos novos que existem em mim.
Aliás, descobriram em mim.
Conheci tanta gente especial, que vai ficar comigo pra sempre.
Se não fisicamente, aqui no coração certamente.
E então é assim.
Não é hoje que acaba a minha infância ou juventude.
Ainda sou criança e acho que jamais vou deixar de ser.
Assim, do meu jeito.
Alternando humores bruscamente.
Loucamente vivendo tudo aquilo que quero, não quero, querem, ou me fazem querer viver.
Mudando a cada dia o meu conceito de felicidade,
odiando e ora amando aquilo que chamam de amor.
Não acaba hoje, e nada diferente vai começar amanhã.
É apenas um número que muda, mas o mundo se importa com números.
Porque a cada dia que passa, nasce uma nova pessoa.
Mesmo que ela não seja aquilo que todos procuram, ela está lá.
E talvez seja você a pessoa que ela quer encontrar.
Talvez tenha encontrado, mas as coisas não costumam ser recíprocas.
Quando são, já eram.
Esperei tanto, e lamento por não ter aqui comigo agora, as pessoas que quiseram tanto essa data como eu.
E lamento por não poder receber alguns presentes.
Sim, eu fiquei segurando as lágrimas segurando fotos.
E segurei mais ainda, quando ouço a notícia de que uma amiga viria só pro meu aniversário.
Sim, só pro meu aniversário.
Só pra gente comemorar juntas.
De qualquer forma, ela está sempre aqui.
Nada mudou.