quarta-feira, 23 de setembro de 2009

o remédio pra isso, praquilo.

remédio pro tédio
remédio pra raiva
é o remédio pra calma
que é o remédio pra tudo

tempo.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

no pôr do sol


Essa coisa de ser adulto, que nos obriga a ter certezas. A trazer respostas e não dúvidas. Papai sempre dizia 'me traga soluções, e não problemas'. Papai esteve sempre certo.
Esse vaivém do dia, andou me impedindo de outros vaivéns bem mais prazerosos. Isso refletiu em uma vida cansada, um trabalho chato, sorrisos caídos e uma depressão tão evidente (pelo menos pra mim). Quando cansei de me cansar, comecei a chorar. Chorei por me sentir tão perdida, imatura e cansada. Tudo isso em um mundo que me exige exatamente o contrário.
Além de imatura e invejosa, me senti velha. Velha por carregar um peso nas costas que não me pertence. Velha por praguejar pelo simples fato de que o bar não toca a música que eu quero.
Nisso tudo, eu senti falta do sol. O sol nasce e eu durmo. O sol se põe e eu estou numa sala.
Tenho conversas rápidas em meio a horários de ônibus que não batem. Tenho um café com sabor de meia suja e um estômago colando às costas na incessante tentativa de perder uns quilos. Nisso, eu esqueci que o meu sol está sempre ali, dentro de mim. E sempre há alguém pra acendê-lo. Mesmo que esse 'alguém' não perceba, e muito menos eu. Mas está lá, e sempre esteve.

Acho tão belo o verso, mas não tenho o dom de condensar palavras. Admiro quem o faz.

Os dias seriam muito melhores se começassem com sol, as noites começassem com chuvas. Quando isso não acontece, apenas imagino, e isso me completa momentaneamente e traz uma sensação de que amanhã isso vai acontecer. A sensação de que eu não precisarei me preocupar com quais são as meias mais quentes, ou se o casaco de frio está lavado. Gosto de andar despreocupadamente. Com sapatos sujos e cabelo sem pentear. Ironicamente, nasci mulher e as outras mulheres me forçam a feminilizar me. Gosto de passar feriados sem tomar banho, dias sem lavar o cabelo ou até mesmo horas sem escovar os dentes. Quando os faço, a sensação de limpeza que me preenche é indescritível. Gosto de procrastinar prazeres para intensificá los.

Gosto de falar na primeira pessoa, gosto de palavras fáceis. Gosto de sentimentos. Gosto de repetições. Mais do que tudo, gosto de coisas que tocam o coração. Um dia minha cabeça enlouquecerá e terei alzheimer ou qualquer coisa que o valha (cada um pega certas pragas de família, e eu certamente já tenho a minha), mas meu coração terá sempre as memórias vivas e acesas, por mais que eu não lembre, e por mais que ninguém lembre. Sei que minha cabeça não funciona sem meu coração. Mas acredito que meu coração funciona sem minha cabeça.