Changes

Tá sem vontade de ler? Nem leia. É comprido.

Será que eu tinha falado sobre isso?
Se falei, fiquei com a impressão de não ter falado.

Caso alguém pedisse pra resumir aqueles cinco dias em uma palavra, eu diria: aprendizado.
É uuuultra clichê, mas é verdade.
Foram cinco dias em que rolou chuva, sol, muito sol, vento, frio, sono, banhos quentes, noites em claro, barulho, amizades novas e amor. Houve amor desde os três meses e meio que anteceram.
Lembro muito bem de alguém me falando que a Taís estava na CORDe, então fui falar com ela pra comprar um botton. Então ela me falou que precisavam de ajuda não somente financeira, e sim MÃO-DE-OBRA. Falei disso com o Kzau, e depois disso a merda tava feita. Depois de amigos falando pra Taís que ela não prestava atenção no que eu falava, pimba, entrei pra CORDe. Até aquela época, era : Taís, Tassi, Matheus, Kzau e eu. Fomos chamando os outros, e logo se formaram os onze.

Dá pra dizer que algumas das pessoas dali são muito amigas. Amigas de verdade. E tudo isso se formou em meio a brigas, noites em claro, desentendimentos bobos, mas no final todos sempre acabavam concordando. E fazia se assim a nossa vontade. Todas aquelas aulas que eu matei sem a mãe saber hahaha, as noites revezando trabalhos e planilhas. Telefonemas intermináveis, portas na cara, emails intermináveis. Stress sem fim.

Os dias que anteceram foram os mais tensos. Aí é que não dava pra dormir. E era gente reclamando tanto, que a gente criou nossas próprias gírias para tratamento hostil.

O dia. Malas prontas, dinheiro na mão. Fazia frio.
Colocamos nossas coisas no pátio da faculdade, e ficamos ali. Idas à banco, ligações, dinheiro pra lá, dinheiro pra cá.
A van chegou.

Tocou Cranberries. O Nico que acabou de me lembrar.
Cranberries sempre foi a minha trilha preferida de viagem. Tem clima de estrada, com céu nublado.
Baixou os batimentos cardíacos.
Ei, melhor dormir enquanto temos umas horinhas aqui. Quem conseguia dormir?

Chegamos.
Coisas, muitas coisas no chão. E a barca? Quando vamos pra ilha? Quero ir pra ilha. Nunca fui pra lá!
Tem que arrumar um monte de coisas.
Me lembro com mais nitidez do momento em que estava dobrando folhas ao meio.
E tinha um rapaz do meu lado.
Dobrando folhas.
Me ajudando.
E eu me recusava a olhar.

Pessoas começando a chegar? COMO ASSIM? Quê? Eles vão conhecer a ilha antes!!! OMG!
Cai a noite.
Peloamordedeus, posso ir?
Vai.
Foram os vinte minutos mais frescos.
Vento, barulho de motor.
Esperanças, dúvidas, a água que se movia.
O céu escurecido.
O cheiro de mar.
A amizade ali ao lado.
(Bem gay, mas foi assim mesmo)

Chegamos? Céus, é noite e tá nublado, mas é lindo.
Carregar malas e o cansaço (que só tava começando).
Não posso dormir, poxa?
Acampamento, pra onde é?
Chuva?
Encontrista com barraca estragada?
Lanterna, cadê?
Três e meia da manhã, e eu ali, andando numa trilha molhada cheia de areia, desconhecida e escura.
Com chuva.
Moço, tem lugar aberto bla bla 'não'.
Volta.
Preciso deitar. Um pouquinho só.
Entra aqui, isa. Mas eu tô molhada. Entra.
Meu, preciso de roupa seca.
Tá aqui.
Valeu.
...
Hora de levantar.
Quanto tempo dormimos? Vinte minutos.
Céus...

Vai lá, finge que tá bem.
Bebe energético.

Já deve ser umas três da tarde...
Que horas são?
NOVE DA MANHÃ?

Saiu o sol.
Foi chorante.
Sol escaldante.
Mais chorante ainda.

Dormir de dia, acordar de noite, dormir de noite, acordar de dia.
Pra quê comer?
Pra que água?
Pra quê sentar?

Festas.
São festas.

Hora de ir embora, e tudo o que ela trouxe.
As horas que antecederam, foram tão lentas.
E ela em si, foi tão veloz.

E agora, parece que foi tudo ontem.