sexta-feira, 24 de julho de 2009

Querido Diário


Olá. Hoje descobri que não adianta ficar tentando ser quem eu não sou. Não adianta pegar uma montanha de livros achando que vou conseguir ler todos, como eu fazia quando tinha recém feito uma idade de dois dígitos.
Não adianta eu tentar ser uma menina delicada, porque a menos de quinze minutos eu derrubei um bolo inteiro no chão e estou me sentindo um menino.
Não adianta eu falar que sei organizar bem as minhas coisas, porque não sei nem organizar meu quarto. E sequer tomo banho todos os dias quando não saio de casa.
Não adianta eu mentir numa entrevista e dizer o que quero fazer do meu futuro, porque eu não sei. Mal sei o que vai ter pro almoço, ou se eu acordarei respirando. Não adianta nem eu dizer que não tenho medo de morrer, porque ontem de noite tive dores de barriga e pensei que poderia ter comido algo envenenado, ou estivesse passando mal por alguma reação alérgica desconhecida e fosse morrer dormindo. E daí fiquei pensando que se morresse, seria uma pessoa muito triste por sequer ter te dado um beijo de despedida.
Não sei lidar com problemas, e acho que ficar remoendo eles é uma boa maneira. Na realidade, não acho que seja uma boa maneira, mas é o meu jeito de (não) lidar com as coisas.
Não aguento ficar confinada em frente a uma televisão, enquanto a chuva cai tão fina lá fora...

Querido Diário, estes dias peguei aqueles escritos...feitos pela Isabela com recém feitos 17 anos. Faz tão pouco tempo, mas era uma pessoa tão diferente que tive medo. Se houvesse uma fogueira no meio do meu quarto, eu não pensaria duas vezes e arremessaria tudo nas chamas. Era uma pessoa triste. E faz tão pouco tempo. Todos os 'você' eram direcionados para um 'eu'. E todas as lágrimas que mancharam aquela tinta, eram por coisas tão recentes e frescas. Nada que não pudesse ser resolvido.

Mas estou bem. Tenho a vida que construí. Tenho comigo os meus sonhos que vão se moldando aos novos moldes. Tenho um cabelo que não lavo a dois dias, tenho amigos. Tenho um coração.
E precisei ouvir uma música que embalava os meus 11 anos (sim, eu conferi a data) pra me lembrar de quando era a criança quieta. Sonhando que os 16 anos seriam a idade em que eu me tornaria a menina mais bonita da sala.

E hoje é tudo tão diferente. Ser a menina mais bonita da sala não me interessa mais.

4 comentários:

isabela. disse...

na realidade devo ter descoberto faz tempo.
Mas só hoje parei no espelho e olhei pra minha cara.

isabela. disse...

ou talvez seja o sono

Ruiva disse...

Só quando a gente chega no fim do caminho que vê que alguns atalhos dariam certo.

.carolina. disse...

foi coinscidencia termos escrito as duas rapidamente sobre medo de morrer ou essa gripe filha da puta tá mexendo com a cabeça de todo mundo?