segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

sempre achei que o coração merecedor das coisas
podia ser qualquer um menos o meu
achei sempre que o meu era aquele fadado a chorar
já que chorar era um hábito

chorava ralinho pelas coisas bobas, cachorro morrendo, filme de tv
chorava grosso pelo fora, pelo tapa, pela briga, pelo ódio

mas quando esse ódio tinha tudo para aumentar
crescer expandir e tomar me
ele se foi
ficou aqui um pedaço de papel
uma flor de pano
um coração

ficou me nas mãos uma vida de pequena menina grande
a vida que eu poderia fazer o que quiser
escrever torto em linhas retas

e eu me vejo por diversas vezes em encruzilhadas
onde nada sei, sozinha tenho que ir
e com medo acabo parada

e de medo eu choro (mais ainda)
e pela felicidade tão grande, meu sorriso permanece

não pensa no tempo
diz o velho deitado que é pior assim
vive a vida, vai levando
contenta com o que tem que é o que tem que ser

esquece o pesadelo
afoga a mágoa
perdoa oferece seja gentil
chegue no horário
cruze as pernas

continua me tratando bem, por favor
que disso eu preciso
pelo menos agora
pelo menos até que eu pare de chorar tanto pela culpa que não me pertence
pelo caminho que eu vou passando

por favor.