quinta-feira, 1 de maio de 2008

É, José...

É, José.
Não vou negar.
Não deveria falar, e vou me arrepender.
Mas como dizem : "melhor se arrepender do que fez, do que se arrepender do que não fez."
Não me arrependo do que faço.
Me arrependo do que às vezes falo, ou do que não falo.
Do que escrevo ou do que deixo de escrever.
Me arrependo de muitas coisas, mas não consigo me arrepender de você.

Não vou falar que está sendo fácil.
E por sabe-se-lá quanto tempo, fiquei ali deitada olhando pro nada.
Fiquei ali deitada e desejei não ter que levantar.
Pelo menos por hoje.
Desejei ficar ali até que o mundo deixasse de ser mundo, e que essa dor passasse e eu me sentisse melhor.
Mas sinto que isso vai demorar.
Como outras vezes, isso doeu.

E só consigo ver um mundo vazio, quieto, sem cor.
Só vejo o passado.
E o futuro (sempre nebuloso) me parece inexistente.
Parece que alguém apertou o botãozinho 'stop' e estou aqui, andando num mundo que vive.
E, totalmente sem vida, fico andando feito uma qualquer nesse mundo qualquer que me trata como tal.
E de um amontoado de cinzas, virei um grãozinho só.
Voltei ao lugar que talvez nunca tenha saído.
Apenas maquiaram um pouco do mundo para que eu tentasse me adaptar à ele.
E como sempre, acreditei e me joguei de cabeça.
E no chão, bati a cabeça.
E nochão, permaneço deitada esperando por dias melhores.
Se eles virão ou não, só o tempo dirá.
E espero que me diga coisas boas.
Ou coisas ruins. Tanto faz.
Tanto faz o que virá.
Boas ou ruins, elas sempre acabam me matando um pouco mais por dentro.
E sempre me fazem pensar e pensar sem entender o que é a vida.
Quando acho que sei, vejo que nada sei.
Acho que nunca saberei.

Todas essas ilusões devem servir pra gente ter no mínimo uma coisa boa pra contar.
No mínimo uma lembrança boa para poder falar 'é, não foi de todo ruim.'
Mas sinto que não dá.
Já não dá mais pra viver com esse consolo.
Esse consolo de nada me consola, e em nada me alegra.
Viver uma vida vazia é doloroso.
É doloroso não sentir motivos para levantar.
É horrível viver mentindo mentiras que apenas me enganam mais.

E de uma boca cheia de dentes, virei um par de olhos vazios.
Um par de olhos vazios que mentem, e mentem mal.
Não enganam à ninguém, e a qualquer movimento se esvaziam mais ainda.
Falo tanto, e não falo nada.
Não sei o que falar.
Nunca sei o que falar.
Nem falar eu sei.
Só saem palavras sem sentido, que nem eu entendo.
Nada entendo.
Só sei sentir.

Não sei se te agradeço.
Não sei o que te falar.
Me dizem para jogar pedras.
Mas não conseguiria.
Não consigo.
Sou covarde a ponto de ficar sem fazer nada, só olhando.
E essa covardia também me mata.

Fora isso, a comida não tem gosto.
Não sinto mais nada.
Parece que alguém apertou um botão e me desligou.
Só fico com frio, parada, quieta.
E de tão transparente, me sinto visível até demais.
Gostaria de ser um pouco menos assim.
Gostaria muito de ser a pessoa que procuram.
Talvez eu seja nada, e um dia chegue a ser tudo.
E sendo nada, vou me arrastando.
Ora ajoelhando-me, ora caindo.
E me ajoelho de novo.
Imploro e quase morro.
É em vão, eu sei.

Foi ruim ficar segurando as lágrimas.
Não queria que visse.
Detesto quando alguém me vê chorar.
Mas não consegui.
Como em quase tudo que faço, falhei.
Falhei, e desde aquela hora, não parei mais de chorar.
Chorei rios, e esses rios não sabem para onde ir.
Não sabem de onde vieram, e nem se vão parar.
Espero que parem.
Mas sozinha não consigo.
Não sei para onde ir nem o que fazer.
As tarefas mais banais me parecem tão difíceis...
Preciso me acostumar de novo.
Mas agora, preciso de alguém para me ajudar a levantar.
Ou que me deixem só.
Me deixem só até que eu volte.
Um dia eu volto. Eu quero voltar.
Porque agora, só sei gritar e te chamar.
Grito virada pras paredes, para você não ouvir.
Não quero que ouça, pois te ver de novo, só mal irá fazer.
E sabe-se-lá onde tudo isso vai parar.

Por hoje, nem sei.
Não sei mais o que falar, e só enrolo falando as mesmas coisas.
Até eu estou farta das mesmas coisas.
E de não conseguir te odiar nem por um segundo.
No final das contas, todo esse ódio é contra mim.
O erro deve ser todo meu, e talvez por isso eu deva sofrer.
Dizem que sofrendo a gente aprende, caindo a gente aprende a se levantar.
Mas eu não aprendo.
Ou talvez não queira aprender.

4 comentários:

isabela. disse...

começando maio e o feriado com o pé esquerdo.

Anônimo disse...

talvez você tenha aprendido e nem sequer notado! mas tudo fará sentido um dia. tenha calma.

"/

.carolina. disse...

ngm merece sofrer porque errou. a gente sofre quando erra porque vê o erro e não entende como pôde acontecer. Mas ninguém deveria sofrer por isso. errar pemite que o erro seja visto pra nunca mais ser repetido. cada erro cometido é um erro a menos pra se repetir. não se mutile por isso. se as pessoas fossem perfeitas, o mundo seria chato.
e provavelmente você aprendeu mais doq imagina. mas leva tempo mesmo até isso ficar nítido.
grande mega abraço.

Lucas. disse...

Nada na vida se ferra sozinho.
Vc nunca vai errar tudo sozinha.
E às vezes exigimos demais de nós mesmos. Mais maturidade, mais inteligência, mais capacidade...
E não é bom. Só nos faz sentirmos mais vazios e mais incapazes.
Bjo e um grande abraço.