quarta-feira, 30 de abril de 2008

E agora, José?

E agora?
Agora acabou tudo.
O vento do nada parou.
O Sol já havia sumido a tempos, mas agora sumiu de vez.
Sobrou esse mundo cinza e sem o menor sentido pra mim.
Me vejo num mar, próxima à algum buraco e sendo tragada cada vez mais rápido para ele.
E agora?
Sei que agora não sei nada.
Antes já não sabia, mas agora sei menos.
Tento entender, e não consigo.
Nada faz sentido pra mim.
Hoje, luz nenhuma saiu do meu sorriso.
O brilho dos olhos que haviam me colocado, desapareceu.
Enchi a boca de dentes e chamei isso de alegria.
Mas como sempre, isso não funcionou.
E por hoje, nem vou tentar isso de novo.
Por hoje?
Acho que não só por hoje.
Por vários dias, ou quanto tempo isso tiver que levar.
Faz muito frio hoje.
Onde irei me esquentar?
Minhas mãos estão frias, e meu coração cheio se sente tão vazio...
E está tão escuro, sinto que soltaram a minha mão, e estou mais perdida do que antes.
E fico parada, imóvel, sem ação.
Feito uma criança perdida, sento no chão, ponho as mãos no rosto e choro.
Choro até perder a voz.
Choro porque não tenho nada pra falar.
O que era pra ser dito, já foi dito.
E o que eu tinha pra falar, você já sabia.
Sei que não vou entender.
Posso passar a minha vida tentando entender.
Como eu disse, não é a primeira vez que eu ouço isso.
O problema deve ser meu mesmo.
Me apego demais às pessoas, e elas não estão prontas para mim.
Ou talvez elas sejam boas para mim, mas eu não seja para elas.
Os amigos.
Acho que nada eu seria sem os amigos.
Mas o fato é que esse meu coraçãozinho é um quebra-cabeças gigante.
E a perda de uma das peças sempre me deixa assim: sem chão.
Isso vai passar.
Isso tem que passar.
Posso fazer como nas outras vezes...
Coloco todo o meu sentimento ali, numa caixinha.
E deixo ela entreaberta, para quando eu quiser dar uma espiada.
E quando eu for ver, ela vai estar lá, do jeito que deixei.
E essa vai ser outra caixinha.
Outra caixinha que eu vou guardar com todo o cuidado, e enfeitar com flores.
E é assim que eu quero que seja.
No meio de tantas outras caixinhas, essa não é maior nem menor.
É diferente de cada uma.
E cada uma têm a sua importância.
Talvez eu me esqueça de alguns itens de dentro de cada uma delas.
Mas isso não diminui o valor de cada uma delas.
E essa talvez tenha um valor levemente especial.

Fora isso, posso dizer que hoje terminei de contabilizar a duração da vida desta flor que vos fala.
Um mês, quinze dias e alguns quebrados.
Tempo suficiente para o desabrochar, e posterior morte súbita.
A morte estava sendo prevista à dias.
Mas hoje posso dizer que morreu de fato.
Não que seja ruim.
Mas acho que é ruim.
E essa flor que havia em mim, morreu.
E talvez não queira ser cheirada por um bom tempo.
(Se é que algum dia o foi).
E acho que é isso que chama de 'eterna busca'.
Acho que nunca ouvi esse termo, mas quis colocá-lo de forma que pareça que já tenha o escutado.
Talvez seja eterna mesmo.
Mas é assim.
Qualquer coisa me deixa cheia de esperanças achando que vale à pena, que vai ser diferente.
Que eu vou sorrir e encher meus olhos de brilho para sempre.
E esse para sempre, sempre acaba.
Acaba de jeitos que eu sempre prevejo que vão acabar.
E eu nunca quero que acabe.
Talvez o mundo não esteja preparado mesmo, Rafael.
E é disso que eu preciso.
Preciso de coisas pra sempre.
E é horrível essa sensação de ilusão.
Não nasci para viver ilusões.
Não nasci para viver coisas temporárias.
Me pergunto se devo ser como os outros.
Prefiro não ser.
Mesmo que esse mundo sempre me diga, por meio de decepções, que eu devo ser como os outros.
Que os outros estão certos, que o mundo é assim, e é assim que eu devo ser.
Só queria isso.
E todo esse tempo, fui aquela menina boba que se ajoelhou e pediu para que alguém a amasse.
Pode ser humilhante.
E muitas vezes foi.
E ainda vai ser muitas vezes.
Mas nada disso me fez desistir de tentar.
Tentar fazer diferente, tentar tirar aquele tantinho de amor que eu achava que cabia à mim.
E ela sempre era assim, de outro jeito, não pra mim, 'mas você vai encontrar'.
E cadê?
Será que existe mesmo?
Talvez nem exista.
E essa minha busca seja em vão.
E eu um dia vá me perder de fato, virar cinza.
E voltar o pó.
Hoje já não sou nada do que era.
Se eu sorria, hoje mostro os dentes.
Se eu chorava antes, hoje eu me desespero e bato a cabeça na parede.
Sempre me perguntando aonde foi que eu errei.
O erro é meu?
É seu?
Nosso?
De quem?
Por favor, alguém me diga.
E por favor, alguém me segure a mão agora.
Estou morrendo de frio, e morrendo de medo.
Estou com medo de não voltar nunca mais.
De não acordar amanhã.
Se eu dormir, sei que amanhã vou continuar sendo a mesma pessoa.
E amanhã vai ser a mesma coisa.
É sempre igual.

Sem música hoje de novo.
E acho que vou me dar um segundo recesso por tempo indeterminado.
Talvez não.
É muito provável que amanhã eu volte.
Mas é provável que não.
Deixo isso nas mãos da minha cabeça e do meu coração.
O que tiver que ser, será.
Espero voltar, mas acho que ando meio esgotada emocionalmente.

Só posso agradecer hoje às pessoas que me apoiaram.
Nem citarei nomes.
Mas de alguma forma, sinta-se lembrado.
Boa noite.

4 comentários:

isabela. disse...

acabou.

Anônimo disse...

o fim é um novo começo.

pense nisso! ;D

Lucas. disse...

Agora foi..
caíram pelo meu rosto.
Sei lá também me sinto tragado por um buraco sem fundo..
Mta gente é assim.
Mas um mês quinze dias e uns quebrados é pouco tempo pra agnte poder ficar junto..

E te conheço a pouco tempo. Mas vc também já faz parte e nunca será retirada da minha memória.

S. H. disse...

eu me senti abraçada.
(voltei com blog)