segunda-feira, 7 de julho de 2008

A aventura do dia.

Todos os dias a gente passa por aventuras.
Mas algumas passam tão despercebidas, que a gente nem considera aventuras.
A de hoje, não sei se seria uma aventura.
Foi uma coisa de me meter muito medo.

Sai de casa correndo, me preocupando com o livro que tinha que devolver.
Me preocupei com coisas sei-lá-quais.
Sai correndo mesmo.
Só vi que tinha muito sol.
Os carros passavam como sempre.
Alguns olhavam pra mim e soltavam comentariozinhos vulgares, vai saber.
Algumas pessoas me olhavam, e pra outras eu era completamente invisível.
Chego no ponto de ônibus.
Tudo normal.
Uma cena que se repete desde meados de quinta série.
Encosto um ombro, e me apóio.
Fico olhando o movimento da rua.
As pessoas passando.
Os carros passando.
Surge uma manchinha branca na minha vista.
Ah, deve ser porque vim correndo.
Ah, deve ser o sol.
Então surgem mais manchinhas.
Então, que nem aqueles efeitos toscos do Movie Maker, a minha vista inteira se dissolveu.
E daquele monte de cores, a próxima tela era um branco brilhante.
Um branco brilhante com pontinhos pretos pequenos, imperceptíveis.
Esfreguei os olhos, baixei a cabeça.
Como era mesmo o exercício?
Inspirar por 4 segundos, segurar por 4 segundos e expirar por 4 segundos.
Nem isso eu consegui fazer.
E não dava pra ver nada.
Nada mesmo.
Não dá nem pra falar que eu fiquei na escuridão.
Eu fiquei na claridade.
Será que morrer é assim?
Aaah, não pode ser.

Vi um vulto passando.
Do jeito que eu tava, poderia ser um cachorro.
Uma criança, ou até um poste andando.
Aí essa pessoa, era uma senhora.
Acho que caiu do Céu.
Vai ver era um anjo.
Vai saber...
Me levou até em casa, conversou comigo.
Me contou coisas que me fizeram rir.
Ligou para o meu pai, e coisa e tal.

Falei com o meu pai, senão ele ia achar que eu tava a beira da morte.
Fiquei um pouco em casa.
Tomei ar, suco, sal.

Sai de novo, morrendo de medo.
Vai que eu passasse mal, caisse?
Cheguei bem.

E tá tudo indo agora.
Só estou meio preocupada.
Ultimamente ando passando mal com muita frequência.
Parece que algumas dores interiores estão se tornando exteriores.
Parece que tá ficando tudo cada vez mais exposto e escancarado.

Sei lá.

(Na volta pra casa, a Senhora estava lá. Ela deve ser um anjo.)

3 comentários:

Ronald disse...

Sigh...

Já foi ao médico ver se tem algo errado? Psicólogo (pode ser psicossomático)?

Faz isto, não quero que este blog de repente exploda porque a dona dele teve severos problemas de saúde e deixou de existir.

aquela garota ali disse...

eu também já tive um anjo.
era pequena e pequena me deixava atrair por qualquer coisa.Acabei por me perder dos meus pais num shopping desses e perambulava chorando,
mas ninguém parava.
o máximo que escutei foi : viu filha se vc continuar assim vai acabar que nem aquela menina ali...

até que uma mulher, não me lembro do seu rosto , nem da sua expressão...
mas ela simplesmente se abaixou e começou a conversar comigo.
E no meio de tanta gente passando, de tanta gente estranha...de tanta gente que nem te vê...
anjos

quem sabe...

Alice ainda mora aqui disse...

Gatá,
Gosttei muito do texto. Mas pensei se não era uma crise de pânico... Uórever, reparei que está em meio a um turbilhão de dúvidas e urge por mudanças radicais. Normal dessa fase. Já passei por isso. Passo todos os dias e tenho pelo menos o dobro da sua idade. Só um toque: a vida é muito simples. Conte até cinco e respire fundo e olhe ao redor e veja o qto tudo pode ser mais tranquilo.
Se quiser ler um pouco de bobagens, visite-me. E suba no lustre.
besos