sábado, 22 de março de 2008

Por que to escrevendo de novo hoje?


Por que?
Pensei que ia tomar um banho e ir dormir nos lençóis verdes.
Pensei que por hoje, isso acabaria.
Mas não sei por quê.
Acordei bem sem gosto hoje.
Senti mil sensações.
Fiquei eufórica, ri.
Mas quando parei e fiquei comigo, me calei.
Ultimamente nem sei porque estou assim.
(Deve ser o feriado.)
Só sei que aprendi a não idealizar mais nada.
Não existe vida perfeita, amigos perfeitos, namorado perfeito, casa perfeita. Não existe curso perfeito. Não existe lugar perfeito, tempo perfeito. Nada é perfeito.
E nem adianta vir com aquele papo de que a perfeição tá na imperfeição.
Isso é filosofia barata pra fazer as pessoas se conformarem.

Me lembro que costumava idealizar todas as coisas.
O melhor exemplo, foi lá nos meados da oitava série.
Queria gostar do cara mais bonito, mais inteligente, que falasse sempre a palavra certa na hora certa.
Até que uma grande amiga me falou que pessoas assim não existem.
E que seria muito bom se existissem de verdade.
É.
Coisas fáceis não têm a mínima graça.

Além de euforia, hoje cheguei ao cume do desespero.
Depois de algum tempo convivendo comigo mesma, percebi que depois de surtos eufóricos hipomaníacos, isso é normal.
Antes, batia a cabeça na parede (o que com certeza me causou danos...porque sempre sinto umas tonturas cerebrais super estranhas.), ou me arranhava.
Não é certo descarregar nos outros.
Então o melhor é fazer isso comigo mesma.
A única culpada por me sentir assim.
E talvez por isso, tenha uma fixação enorme em me esfregar para tentar tirar algo que está por baixo da pele, impregnado...e que não sai de modo algum.
Por que esse vazio gigante dentro de mim existe?
E por que não sei o que fazer pra preenchê-lo?
Já tentei de várias formas.
E cheguei à conclusão de que o que eu quero...não existe.
Igual à sensação de ir buscar comida na geladeira, ficar tempos olhando, pensando...
E chegar a conclusão de quê o que você quer comer, não existe.
E o pior de tudo, é sentir que o que me completa...é algo idealizado demais.
E que por sua vez, não existe.
E sentir falta de algo que não existe, que não existirá...
Significa que a felicidade que eu procuro, é em vão?
Então é isso que muitos procuram, e morrem procurando?
E é isso que eu também vou morrer procurando?
Poxa, isso fede.
Nesse quebra-cabeças gigante que sou eu, estão faltando pecinhas que não foram fabricadas?
As pessoas (e eu) vão ficar pra sempre sem saber como é o desenho do quadro?
E essas coisas estão gritando.
Elas gritam, mas não estou conseguindo ouvir.

Outro dia, no meio de uma aula, alguma professora falou algo do tipo: "...e só as pessoas que sofreram em vida, iriam pro Céu..."
E nisso, um colega virou pra mim e falou : "Ê, Isa...você não vai pro Céu. Você é tão feliz!"
Ledo engano, colega.
Logo em seguida, fiz a cara de Virgem Sofredora e falei : "É tudo fachada..."
E ele ficou me olhando como se nunca tivesse me visto antes.
E um fato raro ocorreu.
Eu olhei ele nos olhos quando falei isso.
Se você convive comigo, ou conviveu, ou sei lá...
Deve ter percebido que eu mal olho as pessoas nos olhos quando converso.
É uma coisa meio de gente autista.
Mas nem sou autista.
Ou sou, sei lá.
Uma vez (outra história), estava voltando à pé pra casa.
E quando tava quase chegando no prédio, tava com os pensamentos à mil.
Viajando mesmo.
Do nada, alguma coisa, tipo um soco, me fez olhar pro carro parado do meu lado.
E tinha um cara debruçado na janela.
Com a maior cara de embasbacado do mundo.
Quase parei, mas só diminuí o passo.
E depois saí quase correndo dalí.
Me deu muita vergonha.
Parecia que naquele momento, o cara havia lido/visto/sentido tudo o que eu estava pensando.
Parecia que ele podia enxergar toda a podridão que eu tenho.
E aquilo me deixou super constrangida.
Chuto que esse é um dos motivos porque não olho pessoas nos olhos.
Só depois de muita intimidade, consigo olhar.
Até lá, as pessoas são todas estranhas e podem roubar algo de dentro de mim.
Ou enxergar (o que já é péssimo).
Tem tantas outras coisas que eu gostaria de falar...
Mas acho que essas vão ficar pra outro dia, ou talvez eu nunca fale.
Talvez fiquem pra sempre como os segredos que eu fico tentando esconder de mim mesma.


Se quiser uma música do dia, pode ouvir Lisbela.

3 comentários:

isabela. disse...

acho que a fonte dos problemas é o tempo.
e só o tempo cura tudo isso.

ou não.

isabela. disse...

pode xingar, rafael.
sai mermo aÊ!

Rafael Kumoto disse...

Já pensou que se você olhar bem nos olhos das pessoas pode encontrar perfeições que nunca reparou? Você deveria tentar... Mas nada que é perfeito é fácil de se encontrar. O dia perfeito, o momento perfeito, esses são mais fáceis. Agora, quando falamos de pessoas, aí dificulta. Como disse no post anterior: O bom e o certo se escondem, ou passam despercebidos.

E como assim não existem amigos perfeitos? Você tem amigas que ama tanto, e mesmo nessa distância o contato ainda é tão intenso... Acho que se um amigo faz o possível pra te ajudar, já é um amigo perfeito. Uma pessoa perfeita não, mas aí são coisas diferentes. Tem que ser amigo mais perfeito ainda pra amar incondicionalmente uma pessoa que não é perfeita.

Aliás... E por que algo tem que ser perfeito?

Essa é a MINHA música do dia: http://www.youtube.com/watch?v=qk74a-BX5wE
Pra ouvir, traduzir e pensar...