quinta-feira, 17 de abril de 2008

Um girassol sem sol?

Tá.
Hoje foi um dia que eu quis apagar do calendário.
Eu quis.
Não quero mais.
Começou mal.
Acordei atrasada, tava frio, choveu...
Dor de cabeça, enjôo.
Aconteceu tudo de ruim.
Tô sabendo que minha mãe vai viajar, e mais um monte de coisas que me desanimaram pra caramba.

Até de tarde, eu estava super mal.
Fiquei o dia inteiro sentindo a minha cabeça voando em volta da minha cabeça (?)
Tentando capturar todas as coisas que eu estava pensando (ou querendo pensar) e enfiar elas de volta dentro da minha cabeça.
Não tava conseguindo.
As minhas mãos não respondiam.
A minha cabeça não acompanhava.
Fiquei me sentindo um etê saído direto daqueles filmes b.
Minha mochila tava pesada, e minhas costas estão doendo horrores.
Mas, no ônibus, passei por mil emoções.
Antes disso, tinha ido tomar um café.
E eu ali, sentada, olhando pro saquinho de açúcar...a colherzinha de plástico.
De repente, aparece uma mãe com uma criança linda e loira num carrinho.
Crianças já são super lindas.
Elas têm uma pureza toda linda e cativante.
E a mãe parou, comprou um doce pra menininha.
E eu fiquei ali, olhando a menininha abrir e comer o doce com todo o cuidado e zelo.
Aí ela parava de comer, mastigava...e sorria aquele sorriso sem dentes pra mãe.
E eu ali olhando.
Fiquei olhando, olhando. A menininha olhava pra mim, e eu me sentia uma velha de cem anos.
Aquilo me deixou com uma tristeza tão grande.
Tanta vida aí.
Tantos motivos pra sorrir...
E eu ali.

Passado isso, fui andando pra casa.
Quis ver até onde eu conseguia andar.
Quis ver aonde as minhas pernas iam me levar.
Elas não queriam me levar pra casa.
Nem o vento, nem a chuva me espantaram e me fizeram desistir de caminhar.
Queria caminhar.
Parei no caminho, e fiquei vendo muitas vitrines.
Em cada uma delas, parece que havia um pedaço de mim.
Um pedaço que eu havia perdido em algum momento, e nem tinha me dado conta.
Fiquei vendo brinquedos.
Brinquedos!
Isso me fez lembrar de que não posso perder nunca a criança que há em mim.
Vi música.
Senti o vento.
De leve, vi um pouquinho de Sol.
E então, as minhas pernas quiseram me levar para lugares conhecidos.
Talvez esse lugar fosse você.
E eu sei que era.
Mas contrariei elas, e não quis ir.
Sei que não sou nada independente.
Pelo contrário.
Sempre preciso de alguém para me apoiar.
Preciso sempre de alguém para segurar a minha mão e me guiar.
É difícil pra mim fazer as coisas sozinha.
É difícil.

Então, no ônibus, fiquei ali, de pé.
Com as costas latejando de dor.
Era bastante dor (e eu que já sou meio desprovida de coluna saudável...), mas ao mesmo tempo, era dor nenhuma.
Fiquei no ônibus, olhando pra rua passando rapidamente.
Todas as pessoas ali, cada uma, uma vida.
Cada uma, um coração.
E eu ali.
Sentia vontade de gritar para o mundo, que eu existo.
Que estou ali, respiro, penso, sinto.
Existo.
Mas isso eu não fiz.
Desci do ônibus, e fiz o caminho tranquilo de volta pra casa.
A mesma rua, as mesmas pedras.
De vez em quando, vejo até as mesmas pessoas.
A mesma pizzaria no caminho.
O mesmo salão de beleza.
Até ali, tudo era igual à todos os dias.
Cheguei em casa, e sem voz falei 'estou com dor de cabeça...'.
Deitei na cama, e fiquei pensando que hoje foi o mesmo que nada pra mim.
Aliás, nada era muito.
Hoje havia sido um 'menos um' pra mim.
Deitada ali, olhando pros cadarços do tênis...
De repente me lembrei de todas as coisas que devo fazer.
Trabalhos...
Pensei 'deixa pra depois, afinal, tô passando mal.'
Fechei os olhos, e desejei sumir.
Quis que toda aquela coisa ruim que há dentro de mim, sumisse.
Quis sumir para sempre.
Mesmo que o 'para sempre' durasse só cinco minutos, ou um ano inteiro.
Ou para sempre mesmo.

Surgiu um esboço de lágrima no meu olho esquerdo.
Então abri os olhos.
Levantei da cama.
Sentei.
Olhei pra dentro de mim mesma, e falei: 'Chega.'
E é isso.
Chega.
Chega de ser dominada pelas coisas ruins que eu nem sei o nome.
Essa coisa ruim dentro de mim, está me dominando.
E eu não quero me deixar dominar.

E ali no banheiro, tomando banho e vendo a água saindo do chuveiro, e o vapor saindo pela janela...
Só uma coisa vinha na minha cabeça:
Cresci.

E isso que escrevo, de certa forma é uma despedida.
Não definitiva.
Temporária.
Quero ficar uns tempos me dando um tempo.
Adoro escrever aqui, mas acho que no momento, algumas coisas mais importantes devem ser feitas.
Sei que não vou aguentar ficar muito tempo longe.
E esse 'tempo' deve durar um dia ou dois.
Talvez uma semana.
Só quero que me avise se o abismo está se aproximando ou não.
Preciso saber.
E quando for embora, apague a luz por favor.

Agora vejo, que o dia não foi ruim.
Haverão melhores, com certeza.
Mas hoje não foi tão ruim assim.

Obrigada à todos que leram até aqui.
Agradeço pela atenção, pelo tempo.
Pela paciência.

Muito obrigada.

Uma última musiquinha por agora.

7 comentários:

Unknown disse...

Ahhhhh não!!

eu ja estou viciada nesse blog!! não consigo mais ficar um dia sem ler...me identifico muito com as coisas q vc fala!!

espero q vc esteja bem.
e também espero q volte logo.
enquanto isso continuo lendo os posts antigos!

Lucas. disse...

Que bela atitude Isa.
Um sorriso de criança sempre me acorda pra vida. Discordo com as pessoas que dizem que os males vem para o bem. Muitas vezes eles vêm para o mal mesmo.
Gostei muito do post. E também acho que isso aqui tava tornando tudo que você sentia (principalmente as coisas ruins) físicas demais (no sentido real, sabe, palpável?) tava tudo na sua vista, lendo e relendo.
Então, por fim, apoiada a sua decisão.
Mas também vou ficar com saudade das suas palavras de sabedoria.
Mas vc tem que levar o seu próprio tempo. Bjo.!

Unknown disse...

Terminei de ler seus posts antigos...

S. H. disse...

você garantiu o meu dia. nada mais e nada menos que o meu dia. talvez você não tenha noção o quanto significa você estar feliz! se tiver, você sabe do que eu estou falando. você é muito especial e já tava mais do que na hora de você ver o quanto você vale. e se eu disse vários "você" é porque eu quero que fique muito bem claro que tudo o que importa é VOCÊ. e eu amo você. :*

.carolina. disse...

aaaah isa, não demora muito nããão!

Rafael Kumoto disse...

Talvez crescer significa descobrir que não passamos de crianças fazendo birra para a vida... E então parar de manha!

E aí, nós crescemos e passamos a brincar com a vida. Feito crianças!

Ou então você fecha a cara de vez pra ela, a escolha é toda sua.



Confuso?


Beijos!

Anônimo disse...

volte logo.