sexta-feira, 6 de junho de 2008

Eu levo essa praia numa sacola.

Que vontade de ir pra praia!
Que vontade de ver o mar e ficar só sentada ali na areia úmida, vendo as ondas indo e vindo.
Vendo um céu azul e sentindo o vento no rosto.
Que vontade.

Ando com vontade de deitar na grama, mas o único chão que encontro é o piso frio do meu quarto.
Queria rir até a barriga doer e os olhos lacrimejarem.
Mas por agora, só posso dormir até um pouquinho mais tarde.
Deitar no chão do quarto.
Ver TV.
Ouvir as músicas tristes que saem do rádio.
Lembrar de tempos bons.
As coisas não andam lá ruins (de novo).
Mas não andam lá muuuito boas (de novo).
Mas tudo bem.
Sempre tá tudo bem.
Não quero me estender muito, então tudo bem.

Ela não quer viver as coisas por você.

Como é que estão as coisas com você?
Tudo bem?
Hoje cedo, enquanto me arrumava, ouvi no rádio um cara falar que um simples elogio pode fazer o dia de uma pessoa.
Pode ser que ela tenha o coração mais duro e inatingível, mas um simples elogio pode fazer o dia dela ser excelente.
Hoje foi um dia sei-lá.
Começou bem, até.
Acordei um pouco tensa, mas bastante tranquila.
Andei, andei, fui, falei.
Não foi de todo ruim.
Foi bom pra mim.
Mas depois, foi ruim.
Foi ruim não conseguir fazer uma coisa que você sabe fazer.
Não conseguir fazer.
Eu não consegui.
Isso foi ruim e me derrubou.

Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim.
Mas mesmo assim, minha flor serviu pra que você achasse alguém, um outro alguém que me tomou o seu amor. E eu fiz de tudo pra você perceber, que era eu.

Acho que vou pro quarto, isso sim.
Lá tenho papéis, lápis.
Lá tem cobertores e roupas.
Lá tem uma janela cheia de ar pra respirar.
E lá tem um espacinho só pra mim.

Tô com saudades.

Achei.

Vinicius de Moraes / Chico Buarque

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito sempre falar
E nem deixou-a a só num canto,
para seu grande espanto convidou-a pra rodar
Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praia e comearam a se abraçar
E lai danaram tanta dana que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felícidade que toda a cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que todo mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces, porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres exausto. No entanto, a tua presença é qualquer coisa, como a luz e a vida. Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto. Em minha voz, a tua voz. Não te quero ter, pois em meu ser tudo estaria terminado. Tu irás e encostarás tua face em outra face e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite, porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa, porque os meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço e eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. E eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos, mas eu te possuirei mais que ninguém, porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas, serão a tua voz presente, tua voz ausente, a tua voz serenizada.
(Vinícius de Moraes)

Achei umas coisas legaizinhas.
Salvei pra ler quando tiver vontade.





2 comentários:

isabela. disse...

Canto para mim, qualquer coisa assim sobre você.

Unknown disse...

esse post foi realmente lindo