segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Andando pela rua.

Andava.
Andava a passos largos, pois era sempre mais díficil acompanhar os adultos.
Mesmo que odiasse ser chamada de criança.
Odiava.
Era tão ruim, soava imaturo.
Soava tão infantil e bobo.

Aí então, andávamos.
Eu correndo para acompanhar.
E eles lá, tranquilamente e segurando a minha mão firme.
Falavam para prestar atenção.
Andar junto.
Andar perto.
Segurar firme.

Então, um deslize.
Foi alguma vitrine?
Algum esbarrão, sei lá.
Vai ver parei pra ver os pombos ou contar os andares do prédio.
Parei no vinte.
Perdi a conta.
Alguém?
Quando foi que eu soltei a mão?
Quando foi que todos foram embora e sobrou apenas aquela multidão.
Aquela multidão cheia de sentimentos que eu não sei sentir.
E rostos brancos, pálidos, inexpressivos.
Máscaras que andam soltar por aí.
Pernas que sabem andar e cabeças que mecanicamente pensam o que devem pensar.
E eu ali.
De pé.
Com meus quatro anos tão pouco vividos mas tão frescos.

E aonde foram parar todos?
Coração acelerado.
Mãos suando.
As pernas tremiam.
Tremiam tanto que me sentei em qualquer lugar com medo de cair.
Vejo alguns olhares de dó.
Mas eles se vão e eu fico.

Será que fico aqui esperando me buscarem?
Ou será que saio correndo e corro o risco de encontrá-los, mas também de me perder?
Não sei.
Não sei.
Ando em círculos.
Aperto minhas mãos, e sinto meus dedos estranhos.
E meus olhos se encheram de lágrimas.
O que é que eu faço?

Soltaram a minha mão.

4 comentários:

Lila Ricken disse...

talvez o desespero teu seja o mesmo de quem soltou sua mão e agora não consegue encontrá-la...

Unknown disse...

=~~
putaquepariu

mayara c. disse...

não vou largá-la nunca.

aquela garota ali disse...

nossa isa,
lindo.